"Sou meu próprio Deus, meu próprio santo, meu próprio poeta
Me olhe como uma tela preta, de um único pintor
Só eu posso fazer minha arte
Só eu posso me descrever
[...]
Se você não se enquadra ao que esperam
Você é um Bluesman"
Baco Exú do Blues - BB King
Tenho a mão fechada sobre a maçaneta, com coragem o suficiente para chegar até a porta e só. Dentro do meu peito, coração e pulmões estão paralisados de uma dor que só minhas emoções sombrias podem me infligir. Sei que posso ficar encarando o desconhecido por horas, mesmo que seja para recuar acovardada depois.
Um impulso elétrico de origem desconhecida (para mim) atinge meus músculos e a minha mão tem a audácia de abrir a porta. Lá dentro, há teias, mofo e abandono. Não quero acender a lâmpada e me deparar com os esqueletos de todas minhas desistências, de tudo que deixei pela metade. O ar me comprime e quero me cuspir dali.
Antes de vacilar e me entregar, minhas mãos tocam a madeira gasta, o caderno enrugado, um desejo antigo que estava adormecido. Não tenho certeza se consigo vencer o bicho papão que me domina. Estou só e a escuridão vai me engolir. Tudo que me resta é salvar alguma coisa boa dali. Ao meu toque, as páginas do caderno enrugado se abrem. Em suas linhas, descubro que há luz. Palavras de carinho, força e admiração permitem que meu coração pulse livre e que a coragem force a minha voz a sair. Não quero mais me esconder, mesmo que ainda existam sombras se enrodilhando aos meus pés.
Estou tirando as teias, o mofo e o abandono e colocando vida, flores e abrigo.
Me acompanha?
Quando o convite é maravilhoso, como recusá-lo?
ResponderExcluirAcompanhar-te-ei certa de que a jornada será de magnificentes descobertas! <3
Beijos
Fê
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